Protagonistas dos futuros latino-americanos

Elis de Aquino, Freie Universität Berlin

Frank I. Müller, University of Amsterdam

Anke Schwarz, Technische Universität Dresden


"Talvez tenha chegado a hora de superar a esperança. [...] é preciso fazer o muito mais difícil: criar/lutar mesmo sem esperança. O que vai costurar os rasgos do Brasil não é a esperança, mas a nossa capacidade de enfrentar os conflitos mesmo quando sabemos que vamos perder. Ou lutar mesmo quando já está perdido. Fazer sem acreditar. Fazer como imperativo ético."

Eliane Brum (2015)


Ao passo que incitar a superação da esperança possa parecer uma visão desoladora dos futuros
latino-americanos ou não –, fazê-lo certamente instiga questionamentos urgentes sobre como vislumbramos nossos repertórios de ação, pensamento e criação no aqui e agora. Qual é o imperativo ético que surge dos efeitos ostensivamente devastadores da mudança climática? Como combatemos a violência neofascista e as tentativas de efetivamente subverter as instituições democráticas? Como construímos novas formas de solidariedade diante da crise sanitária persistente no pós-pandemia? Deveríamos nós “entrar em pânico”, como sugere Greta Thunberg e outros jovens ativistas? Mas mais importante: Quem somos “nós”?

Na ausência de uma narrativa centrada na esperança que seja coerente e convincente, novos protagonistas e suas maneiras de imaginar e lutar por futuros vivos com responsabilidade sólida ocupam os palcos de parlamentos, plataformas de redes sociais e espaços públicos urbanos em todo o mundo. É precisamente este espírito de solidariedade coletiva, que enfrenta diversas crises simultâneas, que une as lutas indígenas pela demarcação de terra e proteção do meio-ambiente aos jovens do movimento contra a mudança climática – “a primeira geração sem esperança”, como já disse Brum (2019). Isto nos leva à questão norteadora desta edição: Quem são os e as protagonistas dos futuros latino-americanos? Quem está imaginando, escrevendo, narrando esses futuros – como, quando e onde?

Nesta edição da CROLAR, mapeamos protagonistas de futuros latino-americanos, tanto humanos quanto não humanos, considerando como agem, criam e pensam futuros. Ao sugerir que imaginemos futuros para além de qualquer esperança, as e os contribuidores desafiam a ideia de um futuro controlável e fixável. Como exemplificado pela publicação mais recente da CEPAL, Construir un nuevo futuro: una recuperación transformadora con igualdad y sostenibilidad (2020), o pensamento sobre o futuro é com demasiada frequência e influentemente reduzido a tentativas tecnocráticas que confinam os futuros por meio de técnicas como modelagem, previsão, projeção de cenários, análise de tendências e uma quase adoração pelos big data, índices e algoritmos. Mas e se a quantificação e o cálculo, enquanto inseridos na governança supranacional institucionalizada, não tiverem conseguido levantar as questões cruciais? E, para evitar um pânico coletivo mais radical, tenham trazido um solucionismo que em si acabam sustentando as estruturas do capitalismo global, extrativismo e outras formas de exploração?

A nossa intervenção procura ouvir alguns dos e das protagonistas talvez menos proeminentes na e da América Latina e de outros lugares. Ao mapear esses e essas protagonistas, acreditamos que alinhamos esta edição com as perspectivas feministas, indígenas e subalternas e com as lutas sociais atuais (Colectivo Miradas Críticas del Territorio desde el Feminismo 2017, Hanson 2020, Misoczky et al. 2020). A abordagem ao mapeamento de protagonistas, para sermos exatos e exatas, não significa ler a América Latina como um atlas coerente, mas entender as visões divergentes, radicalmente diferentes e inesperadas sobre futuros possíveis ou impossíveis e projetos alternativos. Em vez de essencializar uma única experiência latino-americana, textos sobre e advindos da região servem os autores desse volume como uma lente específica pela qual observar e refletir sobre condições globais desejáveis e indesejáveis (Jelin et al., 2017).

Mapear os protagonistas do futuro é, portanto, um projeto espacial e temporal. Como as contribuições reunidas aqui demonstram, uma proposta de olhar para além da esperança, universalidade e progresso linear nos impele a integrar visões críticas sobre as conjunturas sociais, políticas e culturais atuais considerando suas condições históricas e as lutas do passado e do presente.

Mapeando Protagonistas dos Futuros Latino-Americanos

Mapear protagonistas dos futuros latino-americanos presentes na literatura recente é a lógica subjacente comum a todas as 14 contribuições a esta edição. Esses e essas protagonistas são humanos e não humanos, e inevitavelmente atuam a partir de posições de poder, o que influencia fortemente o tipo de futuros pelos quais lutam e trabalham.

Através de resenhas críticas, entrevistas, ensaios e notas de pesquisa, as e os autores refletem sobre os possíveis futuros latino-americanos sem, contudo, negligenciar seus entrelaçamentos com questões globais e desafios contemporâneos, como a mudança climática, crises sanitárias e a exploração latente ou abertamente destrutiva de ecossistemas e dos futuros das comunidades locais, ou um ressurgimento global da extrema direita.

A seção de resenhas críticas contém seis contribuições, incluindo um ensaio crítico, e aborda um conjunto diverso de protagonistas humanos e não humanos. A partir de condutores do futuro de certa forma “clássicos”, como ativistas ambientais, cidadãos e governantes, as resenhas destacam contradições e ficções entre cidadãos e algoritmos, bem como entre o ritmo tecnológico e o rural. A seção também analisa como ativistas, movimentos sociais e ONGs atuam como protagonistas que enfrentam estruturas neofeudais e, por fim, discute romances gráficos como lugares de reflexão sobre as relações seres-humanos/máquinas.

Em seu artigo, Gerónimo Barrera de la Torre resenha três livros sobre neoextrativismo na América Latina - de Alexander Dunlap, Macarena Gómez-Barris e Maristella Svampa - e resume, baseado nessas obras, que “os futuros (...) são construídos com base no extrativismo, sujeitos às ideologias do progresso e do pós-neoliberalismo”. Neste sentido, os futuros vão de encontro aos passados históricos na medida em que esses oprimiram projetos econômicos alternativos sob um paradigma do desenvolvimento. Contrárias a este fim trágico e apocalíptico, perspectivas alternativas são fundadas em teorias decoloniais, feminismos do sul e anarquismo. No ensaio de Barrera de la Torre, aprendemos que protagonistas dos futuros alternativos do extrativismo podem ser habitantes de vilarejos, organizações e artistas.

Se a história e a memória podem ajudar a identificar no presente estruturas remanescentes do passado, a capacidade de aprender com a sua própria história pode ser uma forma de superá-las. É isso que Claudia López – a primeira prefeita mulher e abertamente LGBT de Bogotá, na Colômbia – propõe em sua monografia Adiós a las Farc ¿Y ahora qué?, resenhada por Anderson Sandoval. Nesta contribuição, Sandoval apresenta tanto o impacto e os limites quanto os pontos fortes da proposta de López para a resolução do conflito armado na Colômbia e destaca algumas lições importantes para construir o futuro do país como um estado pós-conflito. Os e as protagonistas deste futuro não são apenas governantes, que precisam aprender com as escolhas do passado, e nem mesmo a própria lei – a paz na região depende também da participação ativa da comunidade civil.

A resenha de Camila Costa de Ciudadanos reemplazados por algoritmos (2020), do antropólogo argentino Eduardo Canclini, coloca a questão, aparentemente binária, de se as arenas digitais são realmente um lugar onde a cidadania é exercida ou se os algoritmos estão substituindo os seres humanos. A leitura de Costa enfatiza que seres humanos podem ser protagonistas de seu futuro na era dos algoritmos quando endossamos não só as mudanças e problemas, mas também as potencialidades trazidas pela tecnologia à nossa vida cotidiana.

Olaf Kaltmeier, em Refeudalisierung und Rechtsruck (2019), resenhado por Rodrigo Aldeia Duarte, traça paralelos entre as sociedades feudal e a atual. Com mais continuidade do que rupturas históricas, a refeudalização global contemporânea compreende os domínios econômico, político e social. Duarte mostra como o autor, em diálogo com Colin Crouch, Sighard Neckel e Zygmunt Bauman identifica as dimensões de uma refeudalização global e sua configuração especificamente na América Latina contemporânea. Duarte questiona se a ênfase na herança colonial latino-americana indicaria mais uma espécie de “estrutura neofeudal” que não foi superada desde a colonização, do que uma refeudalizaçao como Kaltmeier diz observar. Onde Kaltmeier atribui importância à oposição à refeudalização de estruturas político-econômicas, identificamos ativistas, movimentos sociais e ONGs como protagonistas influentes em histórias de exploração tão entrelaçadas.

Diana Hernández Suárez argumenta em sua resenha de Temporada de huracanes, de Fernanda Melchor, que a autora aplica o conceito de carnivalização. No seu artigo crítico, Suárez traça um paralelo entre o “carnivalesco, escandaloso e extravagante” e a “profanação, com a destruição dos padrões tradicionais que governaram o ambiente rural do México” causada pela chegada do desenvolvimento tecnológico nos vilarejos. Diferentes tipos de arquivos históricos – tal como fotografias e crônicas de teor sensacionalista publicadas na seção de crimes, violência e desastres em jornais mexicanos – são reunidos para a criação deste mundo ficcional retratado por Melchor. A leitura de Suárez do trabalho de Melchor sugere que as mudanças tecnológicas, neste caso causadas pela indústria petrolífera, podem atuar como protagonistas na ficção literária. Se a “realidade” pode servir de inspiração – e ferramenta de denúncia de problemas sociais –, nas mãos de escritores e escritoras, talvez a literatura possa servir para imaginar um futuro com mais clareza.

Em sua resenha de Posthumanism and the Graphic Novel in Latin America, de Edward King e Joanna Page, Beate Möller destaca o valor singular desse volume editado: o primeiro a ilustrar perspectivas pós-antropocêntricas na ficção gráfica latino-americana. Poder-se-ia argumentar que desde o imponente El Eternauta de 1957 (primeira tradução para alemão publicada apenas em 2016), de Hector G. Oesterheld, os romances gráficos latino-americanos serviram como protagonistas de outros passados, presentes e futuros, proporcionando um fórum borbulhante de reflexão e comentário crítico sobre as relações seres humanos/máquinas, territórios reivindicados e o pluriverso.

Na sessão Clássicos Revisitados, Erick Limas vai atrás dos Waterhouses, hackers do romance clássico de 1999 Cryptonomicon, de Neal Stephenson, para quem o futuro é uma questão de desmontagem e remontagem criativa. As tecnologias blockchain atuais têm um papel a desempenhar aqui e podem potencialmente tomar a forma de um recurso comum (commons), como argumenta o autor. Tais técnicas de navegação em futuros são relevantes para a subsistência e talvez até mesmo para a sobrevivência – ou como entende Limas, “somos todos de alguma forma hackers e criptógrafos: passamos a vida tentando hackear o sistema para encontrar a melhor forma de exercer nossas funções”. Com efeito, futuros se abrem com a alusão ao hackeamento no sentido “clássico”, como determina o Hacker Manifesto de 1986.

As três notas de pesquisa, mais uma vez, refletem uma gama completa de protagonistas criando futuros – desde pessoas que atuam na cena cinematográfica independente, passando por ativistas que atuam como porta-vozes de determinado rio, até os relógios e conceitos de tempo que moldam rotinas cotidianas.

Na nota de pesquisa de Renata Melo sobre os coletivos de cinema da Baixada Fluminense, na periferia do Rio de Janeiro, podemos ver como a pandemia da covid-19 acentuou a sociabilidade virtual e como a internet se tornou uma saída para continuar a luta pelas periferias do mundo apesar da distância social imposta pela crise sanitária em um contexto de desigualdade de acesso à tecnologia. A partir de um trabalho de campo etnográfico, a autora mostra que, assim como ela mesma precisou adaptar sua pesquisa doutoral e transferi-la “do mundo real para a internet” devido ao contexto sanitário atual, as e os produtores e atores da cena de cinema independente da Baixada tiveram que usar a criatividade para continuar trabalhando e lutando para se tornarem protagonistas das suas próprias histórias.

Humanos e não humanos se unem como protagonistas na análise dos voceros (porta-vozes) do rio Atrato na Colômbia, um grupo de ativistas que literalmente – e legalmente – dão voz e representam os direitos do rio assim como seus próprios interesses como membros das comunidades ribeirinhas da Bacia de Cuenca. Como Elizabeth Gallon Droste aponta em sua própria nota de pesquisa, com o reconhecimento do rio Atrato como sujeito de direito e a constituição de comunidades locais como porta-vozes do rio, criou-se uma abertura para o surgimento de novas transições onde coexistem múltiplos protagonistas e temporalidades.

A nota de pesquisa de Ricardo Uribe explora a existência de múltiplas temporalidades dentro de um tempo universal e revisita os paradigmas do tempo relativo, subjetivo e social. O autor recompõe como o tempo e os relógios se tornaram protagonistas importantes na organização das rotinas humanas assim como da convivialidade ao longo dos séculos. Uribe argumenta que, à medida em que passamos a ver a imprevisibilidade e o planejamento, o tempo subjetivo e o universal como complementares, em vez de binários excludentes, ampliamos e complexificamos a nossa compreensão do tempo e da sua dinâmica.

A Intervenção desta edição revisita o neofascismo como uma ideologia autoritária que projeta um futuro sombrio. Além da tese de um caminho e futuro únicos para as sociedades humanas, o paradigma moderno também se sustenta na noção de uma história que avança sempre na direção do “progresso”. No entanto, exemplos como a ascensão do neofascismo nas sociedades democráticas e contemporâneas, como aponta Jason Stanley em How Fascism Works (Renato Vicentini e Vinicius Carvalho da Silva), sugerem que o fascismo constitui a outra – dentre muitas – face da modernidade. Ao ler a tragédia atual do Brasil comandado por um governo de direita e pelo prisma de uma estrutura dos fundamentos do fascismo informada pela história, os autores nos advertem que os projetos futuros do Brasil podem reexportar o ódio, a violência e a fragmentação social para a maior parte da região latino-americana. Entretanto, os autores concluem a análise com uma perspectiva esperançosa sobre protagonistas resistentes de um futuro de médio prazo alternativo, fazendo referência às últimas eleições na Bolívia e Argentina e aos movimentos emancipatórios que estão levantando a sua voz no Chile.

Na seção de entrevistas, apresentamos três conversas: primeiramente, com Arjun Appadurai, antropólogo cultural e Professor da New York University e Hertie School em Berlim; em segundo lugar, com Malka Older, socióloga, escritora e trabalhadora em ajuda humanitária, atualmente Professora Associada da School for the Future of Innovation and Society da Arizona State University e Pesquisadora Associada da Sciences Po, em Paris; e Austin Zeiderman, antropólogo e Professor Associado do Department of Geography and Environment da London School of Economics and Political Science. Trabalhando com diferentes fontes e teorias e sendo de origens diversas, esses três acadêmicos compartilham seu interesse em explorar, imaginar e criar futuros por meio da pesquisa, do ativismo, da literatura e em colaboração com organizações internacionais e ONGs.

Navegamos pelo “ainda desconhecido” com Arjun Appadurai em conversa com Elis de Aquino e Luis Kliche. Diante da ascensão da extrema direita e dos impactos da pandemia da COVID-19, Appadurai afirma que a pesquisa e a especulação são formas prolíficas de trilhar o caminho para o futuro. Alguns dos muitos desafios que enfrentamos como sociedade e como cientistas sociais são reforçar as nossas ferramentas – teóricas e metodológicas, dentro e fora da academia e além do modelo ocidental de conhecimento. Mas talvez, como sugere Appadurai, o desafio mais importante seja a democratização do direito à pesquisa. Uma definição alargada de pesquisa pode empoderar pessoas comuns, subalternas e vulneráveis em todo o mundo para exercer a sua voz e tornar-se protagonista do futuro.

Sobre um pano de fundo atroz de feminicídio, crise climática, autoritarismo e pandemia, pode ser tentador questionar se estamos vivendo em uma distopia global. A isso, a autora de ficção especulativa Malka Older, em entrevista a Anke Schwarz, responde sim e não. Na ficção científica ou ficção especulativa, os e as protagonistas de futuros globais são proeminentes. Nos romances cyberpunks de Older, da série Centenal Cycle, um deles é a Informação. Este sistema de microdemocracia global governa por meio de uma plataforma de realidade aumentada virtualmente com base em implantes visuais e com acesso irrestrito aos dados para todos. Nesse mundo de microterritórios e cidadãos, mas que principalmente está além dos estados-nação, os futuros são tipicamente abordados sob a cobertura “segura” de feeds ao vivo e dados contextuais fornecidos pela onipresente Informação. O que poderia dar errado? (Spoiler: Muita coisa, pelo visto.)

Deixando para trás a especulação, distopia e ficção, Austin Zeiderman, em conversa com Frank Müller, mostra uma análise genealógica de como as cidades, enquanto estruturas construídas e defensáveis e centros de poder político e econômico, se codesenvolveram nas linhas das racionalidades da governança da segurança. Partindo da colonização, Zeiderman argumenta que precisamos revisar a visões das e dos historiadores sobre como a esperança de um futuro melhor mobilizou, ao longo da história, o tropo de uma política de segurança que fortaleceu a divisão entre rural e urbano. Governos e intelectuais influentes empreenderam até hoje projetos de processos discriminatórios e frequentemente marginalizantes da alteridade ao longo desta divisão espacial. Apesar desta tendência distópica prevalecente, nós devemos, entretanto, fazer com que incertezas – e a ausência de lares estáveis, em particular – possam ser também lutas sociais e contestações energizantes.

Como esta edição pretende ilustrar, em vez de nos ater ao tropo do “não futuro” do fim do século XX, uma multidão de protagonistas humanos e não humanos estiveram e continuam se ocupando de imaginar, narrar, escrever ou criar os futuros latino-americanos de outras formas. Seus mapas do futuro são inevitavelmente informados pelas lutas sociais do passado e do presente. Neste sentido, “o” futuro pode até já ter acabado e vir a ser substituído por uma multiplicidade de futuros, vozes e novos e novas protagonistas.

Nós gostaríamos de agradecer a todas e todos os autores, entrevistados e entrevistada e às pessoas que participaram da produção desta edição da CROLAR durante um ano como o de 2020. Pensar futuros foi definitivamente um grande desafio nas condições da pandemia e em um momento em que o amanhã pode parecer mais duvidoso do que nunca.


Agradecimentos

A equipe editorial Crolar agradece também ao Colégio Internacional de Graduados Temporalidades do Futuro e ao Instituto de Estudos Latino Americanos da Freie Universitat pelo apoio generoso durante a produção deste número.


Bibliografia

Brum, Eliane (2015): Em defesa da desesperança, El Pais, Dec 21, at <https://brasil.elpais.com/brasil/2015/12/21/opinion/1450710896_273452.html> (Last access 5/01/2021).

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Hanson, Anne-Marie (2020): “Feminist Futures in Latin American Geography”, in: Journal of Latin American Geography, 19, 1, 115-224.

Jelin, Elizabeth, Renata Motta and Sergio Costa (eds.) (2017): Global Entangled Inequalities: Conceptual Debates and Evidence from Latin America, London: Routledge.

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Misoczky, Maria Ceci, Paulo R. Z. Abdala and Steffen Böhm (eds.) (2020): América Latina / Latin America: Again (and again). ephemera, theme issue 20(1).